Quando um profissional acessa o microblog Twitter durante o dia, as coisas que ele escreve representam a companhia para a qual ele trabalha ou refletem apenas suas opiniões pessoais? Um pouco de cada. Com a disseminação do Twitter, os empregados não estão mais habilitados a dissociar eles mesmos de suas companhias, da mesma forma que a empresa não conseguem desvencilhar-se da imagem de seus funcionários. Isso parece assustar muitas pessoas que acreditam em uma clara separação entre a sua vida pessoal e profissional. Mas a realidade mostra que as redes sociais tendem a interconectar cada vez mais esses mundos e, portanto, não vale a pena lutar contra isso. Conseguir gerenciar a postura dos profissionais no Twitter não representa algo fácil. Isso porque, as pessoas gostam de ser transparentes e genuínas nas opiniões expressas nas redes sociais, embora nem sempre tenham a intenção de escrever algo que possa prejudicar suas companhias ou, pior, levá-las a ser despedidas. Admito que eu até tentei manter duas contas separadas no Twitter, uma pessoal e outra profissional. Mas quem tem tempo para gerenciar isso durante o dia? Assim, eu tive de me render a uma única conta, na qual eu tenho algumas centenas de contatos que não se conhecem entre si.
Para evitar problemas, eu tenho um cuidado de nunca escrever coisas nas redes sociais que poderiam afetar a imagem da empresa para a qual trabalho. Até posso publicar mensagens ocasionais sobre meu time de futebol preferido, mas nada chocante ou que gere controvérsia.
Enquanto alguns dizem que o bom-senso deve ser utilizado na hora de publicar informações no Twitter, vale destacar que esse microblog é bastante diferente de outras tecnologias de comunicação utilizadas no passado e, por isso, merece uma atenção especial, não só por parte de quem faz uso do microblog, como também por parte das empresas para as quais trabalham.
“Algumas pessoas perguntam: se as companhias não fazem um controle das conversas telefônicas, por que deveriam se preocupar tanto com o Twitter?", diz Caroline Dangson, da Badgeville, especialista em estratégias de colaboração que já ocupou o cargo de analista de mídias sociais em várias empresa, incluindo a consultoria em TI IDC. “O Twitter é muito aberto. O que se diz pode ser disseminado de forma viral, bem como pode ser encontrável por meio de uma busca online. Ou seja, é diferente de uma ligação telefônica”, complementa a especialista. Depois de conversar com analistas e examinar algumas políticas que as companhias criaram para gerenciar o acesso ao Twitter, descobrimos algumas regras comuns e que podem ser utilizadas por qualquer empresa.
Atualize seu código de conduta corporativa: O código de conduta dos funcionários deveria ser revisado antes da inclusão das regras específicas para acesso ao Twitter. Isso porque, as redes sociais devem ser apenas um adendo a normas que já existem para outros tipos de comunicação. O que se vê, no entanto, é que em muitos casos as corporações descobrem que as regras de como as informações da companhia podem ser compartilhadas estão extremamente desatualizadas. “As mídias sociais se movem muito mais rápido do que as normas das empresas”, aponta o analista do Altimeter Group, Jeremiah Owyang. Um conjunto de regras pode ajudar a cobrir questões básicas a respeito de privacidade – como que tipo de informação nunca deveria ser compartilhada, independentemente se a comunicação acontece pelo Twitter, e-mail ou qualquer outro meio.
Identifique os usuários do Twitter: É necessário verificar quais dos funcionários e colaboradores da companhia têm contas no microblog. Esse levantamento deve analisar as pessoas que fazem uso do Twitter para fins pessoais, bem como aquelas que gerenciam iniciativas corporativas. E, mesmo que as pessoas não tenham contas nas quais declaram a empresa na qual trabalham, sempre que são identificadas pela companhia como usuárias do Twitter precisam estar conscientes de que o que elas dizem da organização – mesmo que de forma indireta (sem citar nomes) – é algo público e que precisa seguir as regras de conduta.
Encoraje a clareza: Uma opção para os profissionais que não têm posição executiva ou não atuam como porta-vozes da companhia é estimulá-los a deixar isso claro em seu perfil no Twitter. Para tanto, basta escrever algo como: “Eu sou funcionário da empresa X, mas as opiniões expressas não refletem a visão meus empregadores.” “Isso estimula as pessoas a serem mais comedidas no que elas escrevem, ao mesmo tempo em que passa a sensação de que estão protegendo sua companhia”, explica o especialista do Altimeter Group.
Estimule que todos participem da criação das regras: Já que as redes sociais viraram um fenômeno, não faz sentido construir um conjunto de normas sem a colaboração dos funcionários da companhia. Do lado da empresa, isso pode ajudar a compartilhar informações, enquanto que, para os funcionários, as pessoas tendem a aceitar melhor as regras, na medida em que ajudaram a criá-las.
Use exemplos prontos: Algumas empresas divulgam suas normas de conduta corporativa na internet e isso pode ser utilizado como exemplo na hora de criar uma política para uso das redes sociais. Já que, além de ganhar tempo, a companhia pode verificar os resultados que outra companhia já obteve com isso. (Fonte: www.itboard.com.br)